Odeio você
E em mim
Tudo que abafa
O além do que sou
Odeio
A palavra mansa e doce
Cortante das aspirações mais puras
Que parece farpa
Odeio a minha ternura
Quietinha no canto da sala
E a almofada
Onde deito minha angústia
Dessa lágrima
Teimosa que cai à toa
Quando meus olhos devoram
A vontade que destoa
De tudo isso que passa
Engolir a seco
Na alma ao verter
O que em ti não ecoa
Incompreendido será sentir,
Cuidar ausente do que se sente
Será presente?
Eu fico distante
Em mim
Longe pra
Pensar das feridas
Uma herança de ser mais bela
A vida
Uma dança oscilante
Adorar e odiar
Eu sei que danço sem par...
Maris Figueiredo
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