sábado, 2 de março de 2019

NEM SANTA NEM OCA

Não vou engolir o veneno
Sentir  gosto amargo
As dores no estômago

Não quero afogar-me
Nos ataques
Instalar o desequilíbrio
Alimentar o sofrimento

Não quero adoecer
Com pensamentos
Nem devolver 
Pois não
Devo receber
O que também não me serve...

De raiva, rancor e medo
O mundo carrega peso
Peso de sobrecarga
Que entorpece

Que faz chorar
Viver o pesadelo
De tanto repetir
Os mesmos erros...


Não que eu possa arrancar uma
Raiz que se fez profunda
Me intitular
Leve e pura

Santa
Hipocritamente
De ripas, aglomerados...
Oca
Nesses tempos em que
Vivemos escassez
Pra esculpir imagens
Em  madeira de lei


Fingida
Louca
Distraída 
Ainda assim


Nem santa
Nem oca


Maris Figueiredo


Nenhum comentário:

Postar um comentário